terça-feira, 25 de março de 2008

O homem a quem Deus quis chamar "Pai"

Apresentaremos nas próximas postagens, artigos redigidos por alguns arautos formados pelo Mons. João Clá publicados na Revista “Arautos do Evangelho”. São esses escritos uma pequena amostra da devoção a São José que o Mons. João Clá soube transmitir a seus discípulos. O seguinte artigo é de autoria de Juliane Campos, publicado em março de 2003.

O homem a quem Deus quis chamar “Pai” [1]
Uma família bem constituída é condição essencial para a boa formação psicológica e o equilíbrio emocional. Ter a seu lado quem simbolize o carinho e a bondade, alguém que auxilie a superar as dificuldades da vida e que na hora das aflições se possa procurar com toda a confiança é fundamental na estruturação mental de uma criança. Do ponto de vista natural, talvez seja esta a principal função das mães junto a seus filhos. Mas também é fundamental ter alguém que represente a força, o vigor, o apoio, a proteção e o esteio do lar. É a figura do pai.

Mas, se essa é a responsabilidade do pai em uma família comum, como fica essa missão quando a Esposa desse lar é Maria Santíssima e o Filho único, a própria Segunda Pessoa da Santíssima Trindade?

Bem sabemos que Jesus nasceu da ação miraculosa do Espírito Santo no claustro materno de Nossa Senhora, sendo, portanto, filho deste divino desposório. Mas quis Ele vir ao mundo no seio de uma família legalmente constituída, da qual fazia parte o castíssimo esposo da Santíssima Virgem. Conheçamos um pouco mais este homem a quem o próprio Deus quis chamar pai: São José!



[2] O Santo do Silêncio


De fato, Nosso Senhor foi chamado o .filho de José (Jo 1, 45; 6, 42 e Lc 4, 22), o carpinteiro (Mt 13, 55), mas o Evangelho pouco fala de seu pai adotivo. São José é cognominado o Santo do Silêncio, pois não conhecemos palavras proferidas por ele mesmo, mas tão-somente suas obras e atos de fé, amor e proteção para com sua amadíssima esposa e o Menino Jesus. Entretanto, foi um escolhido de Deus e desde o início recebeu a graça de ir discernindo os desígnios divinos sobre si, por ser chamado a guardar os mais preciosos tesouros do Pai Celestial: Jesus e Maria. Patrono da vida interior, é ele um exemplo de espírito de oração, sofrimento e admiração. Sendo o chefe da família, admirava sua esposa virginal, concebida sem a mancha do pecado de Adão, e o fruto de suas entranhas, Deus feito homem, muito maiores que ele mesmo.

[1] Revista “Arautos do Evangelho”, número 15, março de 2003, pág. 20.
[2] Revista Arautos do Evangelho, número 15, março de 2003, págs. 20-21.

terça-feira, 4 de março de 2008

São José, o homem cuja fé passou por cima de todas as realidades materiais

Sendo o Mons. João Clá ardoroso devoto de São José, numerosas são suas alusões ao Esposo da Mãe de Deus, durante conversas e reuniões de formação para os Arautos do Evangelho. As palavras abaixo foram colhidas de um comentário feito por ele, a pedido de alguns jovens Arautos, no dia 21 de dezembro de 2006. Nelas o Mons. João Clá apresenta São José como exemplo de fé para todos aqueles que se encontram em situações perplexitantes, nas quais as aparências contradizem a promessa feita por Deus.
[1]São José, o mais santo de todos os homens, não havia entendido o mistério da Encarnação. Então, ia fugir. Um Anjo precisou segurá-lo, dizendo: “Não se assuste, Ela concebeu por obra do Espírito Santo”.
Isto nos conduz a uma perspectiva muito bonita e paradoxal: nós não devemos julgar nada pelas suas aparências. Nós devemos sempre estar penetrando nos arcanos de Deus e de dentro dos olhos de Deus, analisar as coisas. Portanto, ver muito mais o interior do que as aparências, porque no nascimento de Nosso Senhor estas foram inteiramente contrárias a todas as profecias.


Nós temos um casal: Ela, juveníssima, vai dar à luz, mas o marido percebe que o filho não é dele. Ele vê a aparência e está perplexo. São José não procedeu mal, o fato é que ele não recebeu graça suficiente para, ele mesmo, perceber a situação. Por que não recebeu graça suficiente? Porque a Providência queria que ele recebesse uma revelação tão alta — e que não partisse de Nossa Senhora — que exigisse dele um ato de fé, para assim participar daquela maravilha que iria acontecer.

O modo de São José participar, foi passar pela perplexidade. E, no auge da perplexidade, aceitar com humildade, fé e confiança o que o Anjo lhe dizia num sonho. Com isso, ele acabou participando de uma forma profunda da Encarnação e do Nascimento de Nosso Senhor enquanto pai adotivo, pois o fruto da esposa é dele também. Mas, em certo momento, São José teve que passar por cima das aparências. Tendo sido revelado a ele em sonho, ele dobrou os joelhos e disse: “As aparências são contrárias a isso. Mas eu aceito!”

Por que São José aceitou? Porque ele vivia numa perspectiva muito mais sobrenatural do que os fariseus. O que ele aceitou os fariseus não aceitaram.

Portanto, nós devemos fazer de tudo para que as coisas se passem dentro de uma grandeza extraordinária. Mas quando nós empregarmos todos os nossos meios e não conseguirmos dar a nota de grandeza que está no fundo de nossas almas, enquanto visão do sobrenatural, devemos passar por cima das realidades materiais e ver a grandeza sobrenatural que está por detrás.

[1] Extraído de conversa na Casa Mãe dos Arautos do Evangelho, 21 de dezembro de 2006; adaptado à linguagem escrita, publicado sem revisão e conhecimento do autor.