sábado, 25 de janeiro de 2014

São José: O primeiro entre os santos


Desde 1223, quando São Francisco de Assis organizou pela primeira vez uma encenação do Natal para melhor explicar ao povo o mistério da Encarnação, a cada mês de dezembro armam-se presépios, desde os mais simples até os mais requintados, nas igrejas e nos lares piedosos. E conquanto o número de figuras neles representadas possa até ultrapassar a centena, os elementos centrais permanecem invariáveis: o Menino na manjedoura, ladeado por sua Mãe e São José.
Sim, São José está sempre presente, mas para muitas pessoas, seu papel na Encarnação é desconhecido. Vários o recordam apenas como um pobre e humilde carpinteiro, e raros são os que, de fato, têm uma noção mais aprofundada sobre o valor real desse inigualável varão.
Ora, como deveria ser alguém escolhido pela Providência para a missão de conviver com Jesus e Maria, de protegê-Los e sustentá-Los? A resposta pode ser encontrada aplicando-se a ele um raciocínio semelhante ao que se faz a respeito de Maria Santíssima.
Quando proclamou o dogma da Imaculada Conceição, em 1854, o Beato Pio IX, na Bula Ineffabilis Deus, afirmou que o Pai tinha de preparar para seu Filho Unigênito uma Mãe que fosse cumulada, “muito acima de todos os anjos e santos, com a abundância dos dons celestiais tirados do tesouro da Divindade”.
Cabe se perguntar, então, qual não deve ter sido o cuidado do Criador ao escolher também, desde toda a eternidade, um esposo castíssimo para sua Predileta! Deus, que tudo faz com infinita perfeição, haveria de preparar para Ela alguém que Lhe fosse de algum modo proporcionado, enriquecendo-o com um imenso acervo de dons, a começar com o da sabedoria, que lhe possibilitaria ver e julgar todas as coisas através dos “olhos” divinos.
Destinado a ser pai adotivo de Deus, tocando assim na própria União Hipostática, São José era tão profundamente vinculado ao Redentor que sua genealogia é citada logo no início do Evangelho de São Mateus, com o fito de demonstrar-lhe a descendência direta de Davi (Mt 1, 1-17).
Além disso, foi São José quem conduziu Nossa Senhora a Belém para que se cumprisse a profecia de que ali nasceria o Salvador (Lc 2, 4-7). Foi ele também quem levou a Mãe e o Menino para o Egito, fugindo de Herodes conforme fora predito em outra passagem das Escrituras (Mt 2, 13-15). E quem decidiu estabelecer-se com Eles em Nazaré da Galileia, segundo o anunciado pelos Profetas (Mt 2, 19-23). Por isso, seus próprios conterrâneos perguntavam: “Porventura não é ele Jesus, o filho de José, cujo pai e mãe conhecemos?” (Jo 6, 42).

Na bula Ineffabilis Deus, Pio IX assevera também que Deus uniu o Salvador e Nossa Senhora numa indissolúvel aliança: “Nem Maria sem Jesus, nem Jesus sem Maria”. Não é demasiado afirmar que à Mãe e ao Filho congregou também São José, o primeiro entre todos os Santos.