quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

A resposta de São José

Catarina, uma jovem e piedosa costureira, sempre tivera muita devoção a São José. Desde bem pequena, sua avó lhe ensinara que o grande Patriarca da Igreja velava, com carinho, pelas necessidades espirituais e materiais dos que a ele recorressem, pois fora o guardião e ecônomo da Sagrada Família. Na igreja de sua pequena cidade, havia uma bela imagem do santo, a quem ela visitava todos os dias, depois de assistir à Missa, com muito recolhimento e fervor.
Sua família era simples e muito religiosa. A mãe ficara viúva cedo e, por isso, viviam as duas com a avó, e se mantinham à custa das costuras de ambas. Ainda menina, habilidosa e inteligente, aprendera com elas a costurar e a bordar, e o fazia com perfeição. Trabalhava em um ateliê de alta costura e era a melhor profissional do lugar. Dona Marieta, proprietária do estabelecimenCatarina sempre recomendava a todos to, a estimava muito e reconhemuito amor e devoção a São José cia seu talento.
Além de atender aos clientes com muita educação e cordialidade, não deixava de manter uma prosinha com eles, contando histórias dos santos e animando-os na Fé. Por isso, muitos a faziam de confidente, pois ela ouvia seus problemas e dificuldades com interesse e dava-lhes bons conselhos, não sem deixar de recomendar muito amor a São José.
Porém, precisou diminuir um pouco o trabalho, por uma súbita doença da avó. Dedicando-se a ela completamente, não teve outro remédio senão abandonar o emprego, ficando como sua enfermeira particular. A pobre senhora teve uma enfermidade um tanto longa e dolorosa, resultando no fim de todas as economias da família. As costuras da mãe já não bastavam para tudo... Acabaram ficando com várias dívidas para pagar.
Afinal, tendo-se recuperado a boa anciã, Catarina tentou voltar ao trabalho. No entanto, no ateliê já haviam ocupado seu lugar e precisava ficar em uma longa fila de espera. A senhora Marieta, por mais que a considerasse, era uma mulher de negócios e não estava disposta a contratar mais alguém, sem necessidade, e tampouco iria despedir a nova funcionária sem justa causa. Como a cidade era pequena, eram poucas as opções para a jovem.
Pensou, então, em fazer costuras particulares, mas ia ser mais difícil, porque os clientes continuavam a buscar o ateliê. Sua única saída era voltar para lá, pois precisava pagar as dívidas e sustentar a casa. Contudo, como seria aceita de volta? Não queria prejudicar a nova costureira, pois deveria também necessitar daquele trabalho...
Vendo-se em tamanha dificuldade, Catarina foi à igreja e pôs-se de joelhos diante de São José, pedindo-lhe que não lhe faltasse nessa emergência. De repente, teve uma inspiração e voltou correndo para casa...
A moça tinha uma pombinha de estimação, muito alva e mansa, com quem brincava e se distraía. Era tão afetuosa com o bichinho, que a pomba costumava fazer seus passeios aéreos todos os dias e voltava tranquilamente, à tarde, sem jamais se perder. Chegando em casa, afogueada pela corrida, pegou um papelzinho onde escreveu um bilhete. Pegou a pomba e amarrou-o com cuidado na patinha. Soltando-a, no ar, disse:
— Voe, minha pombinha, e leve esta mensagem a São José.
E ficou tranquila, na certeza daquela mensagem urgente cruzar os céus e chegar até o Santo Patriarca. Mais tarde, quase ao entardecer, a pombinha regressou para casa, sem o bilhete em sua patinha...
A resposta de São José não se fez esperar por muito tempo!
No dia seguinte, bem cedinho, dona Marieta tocava à porta da casa da jovem, perguntando por ela. Depois de cumprimentá-la, foi logo dizendo:
— Catarina, venho aqui tão cedo porque preciso de seu serviço ainda hoje!
Então narrou-lhe o acontecido. Naquela mesma manhã, antes do raiar do dia, havia recebido a visita de um venerável ancião, encomendando-lhe algo muito importante, de parte da senhora mais rica da cidade vizinha. Queria ela uma série de bordados para decorar sua nova casa, bem como o vestido de aniversário de sua filha, pois esta completaria quinze anos em pouco tempo. Entretanto, fazia questão do trabalho ser feito por Catarina pois havia tido notícias de ser ela a melhor costureira e bordadeira da região. Como a dona do ateliê afirmasse já não mais contar com seu trabalho, o ancião disse que então levaria o material que trazia de volta, pois havia recebido recomendação expressa a esse respeito.
Dona Marieta, percebendo valer a pena o negócio para o seu renome e o de seu ateliê, não teve dúvida em afirmar ao respeitável senhor que a moça retomaria suas atividades ainda naquele dia. Com isso, ele havia deixado os tecidos e os desenhos, segundo os quais deveriam ser executados os trabalhos, e se retirou. E ela ali estava a suplicar-lhe para retomar o emprego.
Não podendo mais conter as lágrimas de emoção, contou para sua patroa o que fizera na tarde anterior. Como havia chegado rápido a resposta de São José! Dona Marieta também se emocionou e quis acompanhar sua funcionária e amiga à igreja, para onde se dirigiu com a mãe e a avó a fim de agradecer a seu santo protetor tão grande benefício.

O fato correu pela vizinhança, fazendo crescer enormemente a devoção de todos, e uma Missa solene foi encomendada por Catarina, em ação de graças pelo auxílio do ilustre padroeiro. Por ocasião de sua festa, que não demorou muito a chegar, ruas e praças se engalanaram para celebrar o grande Patriarca da Igreja, na certeza de nunca faltar sua ajuda a todos os que a ele recorrem com amor e confiança, e deram-lhe o título do patrono da cidade.
Revista arautos do Evangelho mar.2012