Ao lado de todas as
glórias que se acumularam sobre ele, São José recebeu, já nesta Terra, um
prêmio inestimável: é o patrono da boa morte.
Com efeito, dir-se-ia
que ele teve um passamento de causar inveja, pois faleceu entre os braços de
Nossa Senhora e os de Nosso Senhor, que o cercaram de todo o carinho e
consolação na sua última hora. Não se pode imaginar morte mais perfeita, com
Eles ali, fisicamente presentes. De um lado, Nosso Senhor cumulava seu pai
adotivo de graças cada vez maiores, à medida que a alma de São José continuava
a se santificar nos derradeiros transes da agonia. De outro, Nossa Senhora lhe
sorria com respeito, e procurava aumentar-lhe a confiança:
— Meu esposo! Lembre-se
de que tudo se cumprirá. Coragem! vamos para a frente!
Em determinado momento,
São José exala o último suspiro, e o Limbo se abre para a alma dele. Ali
ficaria ele até o instante, entre todos bendito, em que a alma santíssima de
Jesus, que morrera crucificado, desceu ao encontro daqueles eleitos, a fim de
colocar um jubiloso termo na sua grande espera. Alguns — Adão e Eva, por
exemplo — lá se achavam desde os primórdios da humanidade, aguardando durante
milênios o Redentor que os levaria para a eterna bem-aventurança.
E o Messias veio.
Podemos bem imaginar que toda a coorte do Limbo se reuniu em torno de São José
para receber o Salvador. E que Este, tão logo ali se mostrou, resplandecente de
glória, tendo perdoado e redimido o gênero humano, manifestou-se de modo
especial a São José, como que exclamando: “Oh! meu pai!”
Era o ápice do
cumprimento de todas as promessas, a perfeita realização de um chamado que
passou por indizíveis perplexidades e incomparáveis glórias. E São José, esposo
de Maria Virgem, pai adotivo de Jesus, declarado Patrono da Igreja, ocupa no
Céu um lugar tão eminente que recebe o culto de protodulia. Ou seja, abaixo de
Nossa Senhora — a qual merece a devoção de hiperdulia — é ele o primeiro a ser
venerado na extensa hierarquia dos Santos.
Grandiosa recompensa à
qual fez jus esse varão que praticou em grau elevadíssimo a virtude da
confiança.