Desde 1223, quando São Francisco de Assis organizou pela primeira vez uma encenação do Natal para melhor explicar ao povo o mistério da Encarnação, a cada mês de dezembro armam-se presépios, desde os mais simples até os mais requintados, nas igrejas e nos lares piedosos. E conquanto o número de figuras neles representadas possa até ultrapassar a centena, os elementos centrais permanecem invariáveis: o Menino na manjedoura, ladeado por sua Mãe e São José.
Sim,
São José está sempre presente, mas para muitas pessoas, seu papel na Encarnação
é desconhecido. Vários o recordam apenas como um pobre e humilde carpinteiro, e
raros são os que, de fato, têm uma noção mais aprofundada sobre o valor real
desse inigualável varão.
Ora,
como deveria ser alguém escolhido pela Providência para a missão de conviver
com Jesus e Maria, de protegê-Los e sustentá-Los? A resposta pode ser
encontrada aplicando-se a ele um raciocínio semelhante ao que se faz a respeito
de Maria Santíssima.
Quando
proclamou o dogma da Imaculada Conceição, em 1854, o Beato Pio IX, na Bula
Ineffabilis Deus, afirmou que o Pai tinha de preparar para seu Filho Unigênito
uma Mãe que fosse cumulada, “muito acima de todos os anjos e santos, com a
abundância dos dons celestiais tirados do tesouro da Divindade”.
Cabe se
perguntar, então, qual não deve ter sido o cuidado do Criador ao escolher
também, desde toda a eternidade, um esposo castíssimo para sua Predileta! Deus,
que tudo faz com infinita perfeição, haveria de preparar para Ela alguém que
Lhe fosse de algum modo proporcionado, enriquecendo-o com um imenso acervo de
dons, a começar com o da sabedoria, que lhe possibilitaria ver e julgar todas as
coisas através dos “olhos” divinos.
Destinado
a ser pai adotivo de Deus, tocando assim na própria União Hipostática, São José
era tão profundamente vinculado ao Redentor que sua genealogia é citada logo no
início do Evangelho de São Mateus, com o fito de demonstrar-lhe a descendência
direta de Davi (Mt 1, 1-17).
Além
disso, foi São José quem conduziu Nossa Senhora a Belém para que se cumprisse a
profecia de que ali nasceria o Salvador (Lc 2, 4-7). Foi ele também quem levou
a Mãe e o Menino para o Egito, fugindo de Herodes conforme fora predito em
outra passagem das Escrituras (Mt 2, 13-15). E quem decidiu estabelecer-se com
Eles em Nazaré da Galileia, segundo o anunciado pelos Profetas (Mt 2, 19-23).
Por isso, seus próprios conterrâneos perguntavam: “Porventura não é ele Jesus,
o filho de José, cujo pai e mãe conhecemos?” (Jo 6, 42).
Na bula
Ineffabilis Deus, Pio IX assevera também que Deus uniu o Salvador e Nossa
Senhora numa indissolúvel aliança: “Nem Maria sem Jesus, nem Jesus sem Maria”.
Não é demasiado afirmar que à Mãe e ao Filho congregou também São José, o
primeiro entre todos os Santos.
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