Para se traçar o
verdadeiro perfil moral do chefe da Sagrada Família, seria preciso saber
interpretar a Divina Face do Santo Sudário de Turim e, à maneira de suposição,
deduzir algo da personalidade de quem foi o educador daquele semblante que ali
está, e o esposo da Mãe d’Ele.
Casado com Aquela que é
chamada de o “Espelho da Justiça”, pai adotivo do “Leão de Judá”, São José
devia ser um modelo de fisionomia sapiencial, de castidade e de força. Um homem
firme, cheio de inteligência e critério, capaz de tomar conta do Segredo de
Deus. Uma alma de fogo, ardente, contemplativa, mas também impregnada de
carinho.
Descendia da mais
augusta dinastia que já houve no mundo, isto é, a de David. Segundo São Pedro
Julião Eymard, Fundador da Congregação dos Padres Sacramentinos, os judeus
reconheciam em São José o homem com direito ao trono real, caso a monarquia
legítima fosse restaurada na Terra Santa. Direito este que Nosso Senhor Jesus
Cristo herdou de seu pai legal, e por isso foi aclamado como “o filho de
David”, quando entrou em Jerusalém. Ou seja, não era um descendente qualquer do
Rei Profeta, mas o primogênito pretendente ao trono. E São José era o varão por
meio de quem esta dignidade se transferiu para o próprio Filho de Deus.
Quis a Providência
nobilitar a classe operária, fazendo com que o pai adotivo de Jesus fosse
também trabalhador manual, exercendo o ofício de carpinteiro. Desse modo, São
José reunia em si os dois extremos da escala social na harmonia interior da santidade
e da pessoa dele. Estava no ápice como príncipe da Casa de David, mas era um
príncipe empobrecido, que tirava do seu labor artesanal o sustento da Sagrada
Família.
Como operário, soube ser
humilde e tributar o devido respeito aos que lhe eram superiores. Como
príncipe, conhecia também a missão de que estava imbuído, e a cumpriu de forma
magnífica, contribuindo para a preservação, defesa e glorificação terrena de
Nosso Senhor Jesus Cristo. Em suas mãos confiara o Padre Eterno esse Tesouro, o
maior que jamais houve e haverá na História do universo! E tais mãos só podiam
ser as de um autêntico chefe e dirigente, um homem de grande prudência e de
profundo discernimento, bem como de elevado afeto, para cercar da meiguice
adorativa e veneradora necessária o Filho de Deus humanado.
Ao mesmo tempo, um homem
pronto para enfrentar, com perspicácia e firmeza, qualquer dificuldade que se
lhe apresentasse: fossem as de índole espiritual e interior, fossem as
originadas pelas perseguições dos adversários de Nosso Senhor.
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