terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

O brilho da humildade na vida de São José


“José justíssimo, rogai por nós”, reza a Ladainha dedicada ao Pai adotivo de Jesus Cristo, salientando a integridade, nobreza de alma e santidade que as poucas linhas dos Evangelhos deixam transparecer a respeito de sua pessoa.

Diz o Evangelho de São Mateus 1, 19: “José, seu marido, era justo e, não querendo denunciá-la, resolveu abandonar Maria em segredo[1]”. No sermão do dia 23 de dezembro de 2007, o Mons. João Clá teceu comentários a este versículo, enriquecendo assim a piedade e o desejo de alcançar a perfeição nas almas daqueles que o ouviam.

José, seu marido, era justo e, não querendo denunciá-la...

Ele pensava: “Se eu denunciá-la, cometo um crime”, porque ele era santo e via que aquilo se tratava, de fato, de uma obra de santidade[2].

...resolveu abandonar Maria em segredo.

José queria sumir. Quem ficaria com a culpa desta dissolução? Ele, José. Ele ia assumir sobre si a infâmia de ter abandonado a esposa depois de ter feito com que ela viesse a ter um filho, porque não se sentia à altura daquele acontecimento, se considerava indigno.

Aí nós vemos a maravilha que Deus promove dentro do plano da união hipostática, que é o sétimo plano da ordem da Criação. Neste sétimo plano, a virtude da humildade é a que mais sobressai, pois temos um Deus que se encarna e nasce numa gruta e uma Mãe que está no seu completo silêncio. Ela podia, perfeitamente, contar a São José o que tinha havido desde a aparição do Anjo até o encontro dela com Santa Isabel, e narrar-lhe todos os detalhes, pois ele era seu marido! Mas, se Ela contasse sem ter recebido uma ordem de Deus, Ela estaria agindo, no fundo, para se defender. E Ela confiava em Deus, punha sua alma e sua reputação em Deus, deixava que Deus a defendesse e não dizia nada.

Por sua vez, São José podia ter chegado a Ela, com todo carinho, e perguntado: “Afinal, será que eu sou digno de saber alguma coisa do quê se passou entre Vós e Deus?”. Ele podia ter feito isto, mas não fez porque ele era de uma humildade a toda prova.

Então, são duas criaturas que se unem: uma, para ser Mãe de Deus; outra, para ser o pai legal de Deus. Os dois participando da ordem hipostática na qual nasce o Menino Jesus, que é Deus. Portanto, Temos um quadro constituído por três seres humanos — um deles, inteiramente Deus, mas inteiramente homem — fazendo ressaltar a virtude da humildade.

Nós vemos que se alguém quiser colocar a cabeça encostada no solo do plano da ordem hipóstatica, deve ser muito humilde. Quem pratica a virtude da humildade no seu grau mais heróico, põe a cabeça na parte inferior do solo da união hipóstatica. A virtude da humildade eleva, e por isso está dito no próprio Evangelho: “Quem se humilhar será exaltado e quem se exaltar será humilhado”.



[1] “Liturgia Diária”, Paulus, dezembro de 2007.
[2] Trecho adaptado à linguagem escrita, sem revisão e conhecimento do autor.

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